terça-feira, 3 de junho de 2014

Resenha - Crônica de uma morte anunciada


Pra quem é blogueiro ou costuma escrever resenhas e textos com frequência, sabe que não é fácil iniciar a escrita. Dependendo do texto, ele flui que é uma beleza. Mas e quando queremos explicar um sentimento que nem sabemos ao certo qual é?! Isso está acontecendo comigo. Terminei de ler Crônica de uma morte anunciada, do querido Gabriel García Márquez (Record, 2001, 177 p.). Gabo, como é carinhosamente chamado, já dá seu spoiller no próprio título. É escrito na forma de crônica, quando o narrador é em primeira pessoa, e ele anuncia uma morte. A escrita não me conquistou à primeira lida. Tive que começar umas cinco vezes, e sempre parava na página 33. Não passava daí. Mas como o livro é da Biblioteca Pública, eu teria que terminar obrigatoriamente. Não gosto de devolver livros que apenas passearam comigo, e não foram lidos.

Mas por que a escrita não me pegou de primeira? Muitos personagens com nomes e sobrenomes parecidos (isso me confunde muito), e passado e presente andando juntos. Foram as principais razões. Mas quando resolvi terminar o livro, ele começou a ficar interessante. Santiago Nasar e os demais personagens são tão reais que é possível vê-los em nossa frente. A escrita de García Márquez pende para o lado jornalístico. As descrições são feitas com detalhes. 

Voltando ao início do texto: por que muitas vezes não conseguimos iniciar um texto? Fazer a resenha de algo que nos deixou desconfortáveis é algo ruim ou bom? Acredito que se o livro deixou esta sensação, ao menos um objetivo o autor alcançou: fazer o leitor refletir. Até que ponto nós omitimos uma informação? Até que ponto não fazemos (ou dizemos) algo por alguém por medo de ser mentira? Crônica de uma morte anunciada deixa o leitor perplexo diante da cruel realidade que o cerca. É um livro tão real, com uma história que se encaixa tão bem com os atuais dias, que é impossível terminá-lo sem uma sensação de angústia.

Título: Crônica de uma morte anunciada
Autor: Gabriel García Márquez
Editora: Record
Páginas: 177


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